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Simulações sugerem que IPVA 2022 poderá ficar mais caro devido valorização nos preços dos carros usados

02/12/2021 - Jornal EXTRA

A valorização nos preços dos carros usados deve encarecer o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e surpreender os donos de carros em 2022. Sobre o valor de avaliação do automóvel indicado na tabela Fipe, aplicam-se as alíquotas de IPVA de acordo com o combustível usado (1,5 para GNV e 4% para flex). Cada estado utiliza uma alíquota para o cálculo do imposto e usa os valores venais dos veículos usados — calculados por meio da tabela Fipe — ou os preços das notas fiscais de compra, no caso dos veículos 0km.

A partir de dados da tabela Fipe, o EXTRA fez uma comparação de preços de veículos usados no ano passado e em 2021. O cálculo apresenta uma simulação sobre como a valorização na tabela Fipe vai impactar no valor do IPVA em 2022, em comparação com o imposto pago neste ano.

Os valores são uma prévia, já que o cálculo final do imposto ainda depende da aplicação de um percentual de correção que anualmente é feita pelo Estado do Rio, com base na inflação. Este índice ainda não foi divulgado.

O motorista também deverá levar em consideração a cobrança da Guia de Recolhimento de Taxas (GRT), do Detran-RJ, que inclui a taxa de licenciamento anual do veículo e a emissão do Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) digital. Essa cobrança, no ano passado, custou R$ 219. O valor para 2022 não foi divulgado ainda. A guia é emitida separadamente do IPVA.

Além disso, ainda não foi informado o percentual de desconto no IPVA, caso o motorista queira quitar o imposto em cota única. Em anos anteriores, o abatimento foi de 3% para pagamento à vista. Por enquanto, o governo do Rio só anunciou o calendário de pagamento do IPVA 2022.

Simulações

Segundo os cálculos, o proprietário de um modelo Fiat Argo Drive 1.3 flex, ano 2018, que em 2021 pagou R$ 1.774, teria que desembolsar R$ 2.196,52 no ano que vem, uma diferença de 23,78% a mais.

Já o dono de um Fiat Mobi Easy 1.0 Fire Flex, ano 2017, que pagou este ano R$ 989,04, vai desembolsar em 2022 R$ 1.330,64, um aumento de 34%.

No caso de um Grand Siena Attractive 1.4, ano 2017, o valor em 2021 foi de R$ 1.484,28. Em 2022, poderá chegar a R$ 1.752,28, uma alta de 18%. (veja as simulações abaixo)

— Vai aumentar o IPVA, não tenha dúvida. A base de cálculo do IPVA é a tabela Fipe, e como o usado aumentou de preço, haverá impacto. As fábricas pararam na pandemia, faltaram peças. Como não encontravam os veículos novos, em algumas concessionárias a espera era de um mês, muitas pessoas não queriam esperar e buscaram o seminovo e o usado, o que gerou a elevação de preços — explica o professor de Ciências Contábeis do Ibmec, Paulo Henrique Pêgas.

Diferentemente do esperado — que é uma depreciação nos valores de usados e seminovos — de fevereiro do ano passado, antes da pandemia, até julho deste ano, os preços dos usados subiram mais de 24%, segundo a Fipe. No mesmo período, a valorização dos modelos 0km foi de 20%.

De acordo com especialistas, algumas concessionárias chegam a pagar até 100% da tabela Fipe, o que antes servia somente como uma referência.

Com a falta de componentes, especialmente semicondutores — também usados na indústria de eletrônicos —, houve paralisação ou redução na fabricação dos veículos, o que reduziu estoques. Neste cenário, muitos consumidores enfrentaram fila de espera por veículos e muitos correram para os usados e seminovos.

— Este ano não ocorreu a depreciação normal do veículo, e hoje o carro usado vale mais do que no ano passado — afirma o coordenador dos cursos automotivos da FGV, Antônio Jorge Martins.

Vendas de usados

Segundo dados de vendas da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), o primeiro semestre do ano registrou uma média diária de pouco mais de 59 mil transações de carros usados, incluindo motos e pesados. Esse número foi 7,8% maior do que o registrado no mesmo período de 2019, antes do início da pandemia.

No acumulado dos seis primeiros meses de 2021, foram vendidos mais de 5,4 milhões de automóveis e comerciais leves usados no país.

 

 

*Os cálculos foram feitos considerando a alíquota de 4%, válida para carros flex ou movidos a gasolina. Os veículos movidos a GNV têm alíquota menor (1,5%).

**Estimativas feitas com base na tabela Fipe de setembro/2020 e setembro/2021, mês considerado para o cálculo do IPVA do ano seguinte

Fonte: Tabela Fipe

Custos do veículo disparam em 2021

Ao longo de 2021, ficou ainda mais caro manter um veículo, especialmente pelos custos dos combustíveis e outros gastos. Os itens envolvidos com aquisição e manutenção de veículos subiram quase o dobro da inflação geral nos últimos 12 meses, segundo os dados mais recentes do IPC-10 daFundação Getulio Vargas (FGV). Enquanto o índice global registrou um aumento de 9,57% em 12 meses, a inflação ao motorista chegou a 18,46% no mesmo período.

O principal vilão para o bolso do motorista é o aumento dos combustíveis. A gasolina subiu 40,46% desde novembro do ano passado, já o etanol registrou 64,45% de aumento. Até mesmo aqueles condutores que optaram por ter um carro movido a gás para economizar, viram o GNV aumentar 37,11% nos últimos 12 meses.

 

Foto: FGV

 

O pesquisador do IBRE Matheus Peçanha explica que os preços da gasolina e do GNV seguem as cotações do petróleo e do câmbio. O valor do barril de petróleo tem subido consecutivamente por causa da política da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de restrição na produção, enquanto o câmbio sofreu muita desvalorização desde o início da pandemia.

Já o etanol seguiu a conjuntura da cana-de-açúcar, que teve sua produção muito afetada com a estiagem que já dura mais de um ano e as geadas do inverno passado.

Além dos combustíveis, outro núcleo de importante pressão no bolso dos motoristas está ligado diretamente à linha de produção dos veículos: comprar um automóvel novo está, em média, 11,27% mais caro, uma motocicleta nova está 7,85% mais onerosa, e nem o automóvel usado dá trégua, acumulando um aumento de 8,44% nos últimos 12 meses. Associado a isso, peças e acessórios registram uma inflação de 12,06%.

— A indústria automotiva teve um grave problema ao longo desse ano com a escassez de matéria-prima para a fabricação de chapas, peças e acessórios, o que causou praticamente uma ausência de automóveis e motocicletas novos e encareceu o processo de produção, elevando o preço ao consumidor. As peças e os acessórios no mercado secundário seguiram obviamente a mesma tendência derivada do mesmo problema. E os automóveis usados tiveram um aumento de demanda, como consequência dos automóveis novos em menor número e mais caros no mercado — explica Peçanha.



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